Juros do cartão de crédito sobem e chegam a 378,3%
Este é o primeiro avanço desde a regra que obriga bancos a promoverem migração de dívidas de rotativo para outra modalidade
Após dois meses de baixa, a taxa média de juros no rotativo do cartão de
crédito voltou a subir no mês passado. Dados divulgados nesta
quinta-feira pelo Banco Central mostraram que a taxa passou de 377,9%
para 378,3% ao ano de maio para junho. Apesar de pequeno, é o primeiro
avanço verificado desde o início da regra, em abril, que obriga os
bancos a promoverem a migração de dívidas do rotativo para outra
modalidade, como o parcelado, após 30 dias.
De acordo com o
chefe adjunto do Departamento Econômico do Banco Central, Fernando
Rocha, o resultado de junho pode ser interpretado como de estabilidade.
Ele lembrou que o movimento desde março vem sendo de redução da taxa
média do rotativo - naquele mês, ela estava em 490,3% ao ano.
O
juro do chamado rotativo regular - que reúne operações em que o cliente
paga ao menos o valor mínimo da fatura do cartão de crédito - vem
despencando desde março. Naquela época, a taxa estava em 431,1% ao ano
e, em junho, atingiu 230,4% ao ano. "O juro do rotativo regular é hoje
um pouco mais da metade do que era em março", disse Rocha. Essa era uma
das promessas do governo ao anunciar, no fim do ano passado, as mudanças
na dinâmica do rotativo: reduzir o juro à metade do cobrado na época.
No
caso do rotativo não regular - que inclui pessoas que não pagaram nem o
valor mínimo da fatura -, as taxas também cederam, mas seguem
estratosféricas. Os juros eram de 528,7% ao ano em março e atingiram
460,7% em junho. As pessoas que pagam ao menos o mínimo da fatura do
cartão têm acesso a um crédito rotativo mais barato, embora com taxa
bastante superior à cobrada em outros tipos de financiamentos.
Com
a regra de migração, como a dívida passa para outra modalidade após 30
dias, o risco de inadimplência cai, o que abre espaço para juros mais
baixos. Ainda assim, os números do BC mostram que as taxas do rotativo
seguem entre as mais elevadas entre as modalidades de crédito. Uma
dívida de R$ 5.000 no rotativo regular transforma-se em R$ 5.525 depois
de um mês. No rotativo não regular, salta para R$ 5.775. "Há
possibilidade de nova redução nas taxas do cartão de crédito nos
próximos meses", disse Rocha. "Mas não será na mesma magnitude do que
vimos antes." Outro campeão em taxas, o cheque especial fechou junho com
juro médio de 322,6% ao ano ante 325,1% ao ano em maio.