Entrada em cena do governador do Piauí mantém o PT no noticiário político-policial
O governador petista do Piauí, Wellington Dias
- AUGUSTO NUNES// Do R7
Por
possíveis irregularidades ocorridas em contratos vinculados ao combate à
pandemia de covid-19, oito governadores de Estado vêm sendo
investigados há semanas pela Procuradoria Geral da República. Três têm
os nomes mantidos em sigilo. Foram expostos ao sereno o paulista João
Doria (PSDB), o fluminense Wilson Witzel (PSC), o paraense Helder
Barbalho (MDB), o amazonense Wilson Miranda Lima (PSC) e o paraibano
João Azevedo (PSB). Não se registrou um único e escasso protesto de
dirigentes do PT contra as medidas policiais que atingiram os
governantes, nenhum deles filiado ao partido que virou bando.
Nesta
segunda-feira, correndo por fora, o petista Wellington Dias, governador
do Piauí pela terceira vez, assumiu com folga a liderança da corrida por
espaço no noticiário político-policial. Por enquanto, nada a ver com o
Covidão. Engajados na terceira fase da Operação Topique, agentes da
Polícia Federal cumpriram mandados de busca e apreensão na residência de
Wellington e da primeira-dama Rejane Dias. O governador e sua mulher,
deputada federal e ex-secretária de Educação do Piauí, se teriam
associado a autoridades estaduais e empresários do setor de locação de
veículos para desviarem, entre 2015 e 2016, cerca de R$ 50 milhões
provenientes do Fundeb e do Programa Nacional de Apoio ao Transporte
Escolar.
Inocentes
transpiram indignação com acusações improcedentes. Sintomaticamente,
Wellington passou ao largo do conteúdo das denúncias para concentrar-se
na forma da operação. “Foi um espetáculo desproporcional e
desnecessário”, irritou-se o governador. Ele certamente preferiria ter
sido informado com antecedência sobre a visita da polícia, que decerto
receberia com café no bule. Também previsivelmente, a deputada federal
Gleisi Hoffmann, presidente do PT, caprichou no papel de virgem do
bordel. Absolveu liminarmente o casal de prontuários companheiros e
acusou a operação de “manobra política”.
É sempre a
mesma lengalenga. Seria ao menos mais divertido se os larápios do PT
sucumbissem ao surto de sinceridade que há alguns meses fez o
ex-governador Sérgio Cabral abrir a alma e contar ao juiz por que
roubara tanto: “A certa altura virou vício, doutor”.