Nove pessoas foram presas no dia 19 de março acusadas de desviar R$ 2 milhões através da Diocese de Formosa, cidade goiana que pertence à região do Entorno do Distrito Federal. As suspeitas é que o grupo desviava, para benefício próprio, doações, arrecadações de festas e taxas de batismos e casamento. A operação Caifás, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás, culminou em apreensões nas cidades de Formosa, Posse e Planaltina de Goiás.
Entre os presos está o bispo afastado de Formosa, Dom José Ronaldo. Em sua defesa, o religioso listou o Papa Francisco como uma das 31 testemunhas de defesa no processo.
A indicação como testemunha de defesa do líder supremo da Igreja Católica chamou a atenção dos moradores locais e até de autoridades. A advogada Larissa Campos explica que qualquer pessoa pode ser indicada para ser testemunha por um acusado, mas só são ouvidas aquelas que estejam envolvidas no processo.
"Qualquer pessoa pode ser indicada como testemunha, mas o Juiz só chama mesmo para serem ouvidas aquelas que tenham relevância para o processo. Seja porque participou dos fatos, porque estava presente ou porque tenha informação pertinente no desenrolar da ação".
As investigações começaram em 2017, após denúncias de fiéis, que alegaram que as despesas da casa episcopal, local onde os religiosos moram, subiram de R$ 5 mil para R$ 35 mil, desde a chega do bispo José Ronaldo, em 2015.
Segundo as investigações, o grupo teria comprado uma fazenda de gado, carros de luxo e uma lotérica com os recursos doados por fiéis. Durante a Operação Caifás, onde os acusados foram detidos, foram apreendidas joias e mais de R$ 70 mil em espécie.
No processo do MP de Goiás constam documentos que apontam que alguns dos religiosos acusados de desvios de dízimos reconheceram a ausência de R$ 910 mil nos caixas das igrejas. Na visão do órgão, os acusados tomavam para si valores declarados como desaparecidos.
Segundo Larissa Campos, apesar do Papa Francisco ter sido indicado como uma testemunha no caso, ele só seria ouvido se tivesse envolvimento direto com o caso.
"Nesse caso, até o Papa pode ser indicado como testemunha, mas se o Juiz considerar que ele não tem nada a ver com o acontecimento, ele não vai ser ouvido".
Após menos de um mês detidos em uma ala isolada do recém-inaugurado presídio da Formosa, os presos foram liberados através de um habeas corpus concedido pela Justiça. Na saída da cadeia, o bispo Dom José Ronaldo, outros quatro clérigos e dois empresários foram recebidos com festa por populares.
Desde que foi solto, Dom José Ronaldo se mantém na casa episcopal, residência do bispo da Diocese, porém não está exercendo nenhuma função administrativa.