PRB, PSD e outros 5 partidos de médio e grande porte querem mais cargos de confiança
O ministro da Ciência e Tecnologia, Gilberto Kassab (PSD), em entrevista no Palácio do Planalto após tratar sobre a política do governo para a área - 26/07/2016 |
Há poucas horas Michel Temer (PMDB) passou por um grande teste. Mesmo tendo indicado um deputado federal para receber malas cheias de dinheiro oriundos do “empresário” Joesley Batista, o peemedebista se livrou da possibilidade de ser destituído do cargo. É improvável que Rodrigo Janot gaste mais bambus com novas denúncias. Mesmo que o faça, a possibilidade de Temer perder no plenário diminuiu muito após a votação de hoje.
É interessante analisar como o presidente chegou a este resultado. Até 26 de julho, havia 185 deputados indecisos nos 16 partidos políticos com as maiores bancadas. Os partidos com maior número de parlamentares indecisos até 26 de julho eram DEM (75%, 22 deputados), PRB (74%, 17 deputados), PR (60%, 23 deputados), PSD (59.4%, 22 deputados), PP (55%, 47 deputados), Podemos (53%, 8 deputados) e PSC (50%, 5 deputados).
Ao contrário do que se tem dito, a liberação de emendas orçamentárias não parece ter sido o fator mais decisivo para garantir o apoio ao presidente em plenário. Caso fosse, deveríamos ter observado partidos mais disciplinados. Ou, como preferem alguns, mais deputados “comprados” com eficácia. More bang for the buck. Vejamos os dados.
Dos 16 principais partidos da Câmara dos Deputados, 5 foram bastante disciplinados: PT (58 deputados contra Temer), PC do B (10 contra Temer), PPS (9 contra Temer), PDT (17 contra Temer, 1 a favor) e PTB (15 a favor de Temer, 2 contra). Os três primeiros são oposição, sendo que o ministério dado ao PPS (Defesa, ocupado por Raul Jungmann) tem pouco interesse do partido. O PTB, por sua vez, tem o Ministério do Trabalho e está satisfeito.
Outros quatro partidos tiveram posição clara: PMDB (52 a favor de Temer, 6 contra), PP (37 a favor de Temer, 7 contra), PR (28 a favor de Temer, 9 contra), DEM (23 a favor, cinco contra). São os partidos da coalizão que estão felizes, de modo geral, com a parte da barganha que lhes cabe.
Sete dos 16 maiores partidos, no entanto, tiveram comportamento praticamente dividido: PSDB (22 a favor do presidente, 21 contra), PSD (22 a favor, 14 contra), PSB (22 contra Temer, 11 a favor), PRB (15 a favor de Temer, 7 contra), Podemos (9 a favor de Temer, 5 contra), Solidariedade (8 a favor de Temer, 6 contra) e PSC (5 a favor de Temer, 4 contra). Os deputados indecisos, que são bem poucos, não estão nessa conta.
Isso mostra que a negociação apenas começou. Partidos como PRB e PSD, que já ocupam espaço relevante na Esplanada, querem mais! Correm por fora o Podemos, Solidariedade e PSC, com bancadas de médio porte e nenhum ministério. Talvez isso mude com a divisão do PSDB, mesmo que o presidente tenha sinalizado ainda querer o apoio dos tucanos. Veremos.